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Oi! Esse é um resuminho descompromissado do que fiz, vi e pensei nos meses de outubro e novembro. Essa edição vem atrasada porque eu só trabalhei e só consegui parar agora pra escrever. Para acompanhar os próximos assine a newsletter ou se inscreva pelo feed de RSS.

Pullitzer para a Palestina, Sesc Jazz, papo sobre mapas

A identidade visual do Sesc Jazz

Em outubro rolou aqui em São Paulo o Sesc Jazz, festival anual que tem sempre uma curadoria incrível abraçando muitas vertentes e entendimentos do que pode ser jazz. Fiquei de butuca no site do Sesc e consegui comprar ingressos (baratinhos) pra cinco shows — quase todos de artistas que não conhecia mas que confiei e não e me arrependi.

O que me chamou a atenção foi a identidade visual dessa edição do festival: ilustras com um traço forte e marcado, muita retícula, uma paleta de cores vibrante e esse mapa-mundi centrado na África com uma projeção lindíssima em formato de flor. Quem tocou a identidade foi a dupla Giulia Fagundes e Pedro Pessanha. Não conhecia e virei fã.

Cartaz do Sesc Jazz 2023

Pelo que pesquisei sobre o mapa essa é uma projeção patenteada em 1913 pelo cartógrafo americano Bernard Cahill chamada de Butterfly World Map, que tinha a preocupação de manter os continentes ininterruptos. Funcionou super bem nesse projeto.

Tem dois vídeos nos perfis dos designers contando um pouco sobre a pesquisa que levou à identidade, vale muito ver (e seguir eles!). As referências passam pelos bailes black da década de 1970, por Street Fighter e pelo trabalho do Emory Douglas , que construiu a iconografia do movimento dos Panteras Negras. Muito foda.

Muito papo sobre mapas

Falando em cartografia, uma indicação: acabou de rolar a conferência anual da NACIS (North American Cartographic Information Society) uma organização fundada em 1990 por cartógrafos americanos pra fomentar ações de preservação e educação sobre mapas. A parte boa pra gente é que todo ano eles disponibilizam no canal do YouTube as gravações de todas as apresentações e painéis que rolam por lá.

Tem dezenas de apresentações de gente referência na cartografia com temas dos mais técnicos —o uso de fontes de peso variável em mapas ou como fazer mapas topográficos 3D — aos mais reflexivos — cartografia queer e credibilidade e acessibilidade para mapas. É tudo em inglês, mas é de graça.

Mona Chalabi e o Pullitzer pra Palestina

Uma das principais referências do que a visualização de dados pode ser de bom, a designer britânica Mona Chalabi ganhou em maio um prêmio Pullitzer por uma reportagem do New York Times sobre a fortuna do Jeff Bezos, bilionário dono da Amazon.

Levar uma honraria desse nível com um trabalho de visualização ilustrada já é incrível, mas ela foi além e doou os 15 mil dólares que recebeu na premiação para a Palestinian Journalists Syndicate, entidade que representa os profissionais de imprensa que estão noticiando os ataques brutais do estado de Israel em Gaza. Ícone.

Redesign do Escriba

Falei em agosto sobre um projeto que estava em andamento em que animei as ilustras da Méuri para a landing page de um produto digital e agora saiu! Redesenhamos juntos, e com as contribuições do Bruno Fávero, a landing page do Escriba, uma ferramenta de transcrição de áudios da agência de checagem Aos Fatos. O layout é bem limpo e simples, mas gostei bastante do resultado combinando mockups de tela e ilustras animadas de vetor com texturas à mão livre. Vai lá ver!

Sonificação da Covid-19 no CIDI

Semana passada rolou o CIDI (11º Congresso Internacional de Design da Informação), organizado pela SBDI (Sociedade Brasileira de Design da Informação). Fui chamado pra apresentar um projeto na sessão de cases e falei um pouco sobre os bastidores de “O Brasil sem Fôlego”, projeto de visceralização de dados que eu e o Ariel Tonglet fizemos em 2021 pra revista Piauí.

É uma animação que convida o espectador a sincronizar sua respiração com o vídeo e entender no peito como o Brasil chegou à marca de 500 mil mortos por Covid-19. Foi um papo bacana e adorei participar! Outros membros do LabVis, laboratório de que faço parte, também apresentaram esses trabalhos por lá.

Prêmios 💅

No plural porque é mais de um, tá? Duas reportagens de Sumaúma Jornalismo em que trabalhei tiveram resultados no 40º Prêmio Direitos Humanos 2023, organizado pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos.

A primeira é esse especial da Malu Delgado contando a história da ascensão e queda da Urihi: entidade que revolucionou a saúde indígena entre os anos 1990 e 2000 com um modelo de apoio e atendimento informado pelas ideias de Davi Kopenawa. Em vez de receber reconhecimento, o casal de fundadores passou a ser perseguido pelo Estado, soterrado em dívidas e tiveram seus nomes e vidas destruídos. É uma leitura inacreditável. Fiz gráficos, mapas e ilustrações (como essa abaixo) pra essa pauta que levou menção honrosa na categoria Reportagem.

Ilustração sobre o modelo de trabalho da Urihi

A segunda é essa reportagem da repórter especial Claudia Antunes que se debruçou sobre o mundo complexo, burocrático e suspeito do mercado de carbono e os novos formatos da ‘grilagem verde’. Ela mostra como empresas que procuram compensar emissões de gás de efeito estuda são suspeitas de abusos em contratos com povos indígenas e tradicionais. Pra essa fiz um mapa localizando projetos de carbono em áreas públicas na Amazônia. Levou segundo lugar na categoria Online.

Por último, outras duas pautas em que botei o dedo são finalistas do Prêmio Livre.jor de Jornalismo-Mosca: essa investigação da Repórter Brasil sobre os interesses de mineração da Klabin Celulose; e essa série de reportagens de Sumaúma que denunciou a crise humanitária dos Yanomami em janeiro.

O mérito desses prêmios é 200% das repórteres destemidas com quem tenho o privilégio de colaborar. Pra mim é uma honra e satisfação poder contribuir mesmo que um pouquinho ajudando a traduzir visualmente histórias de jornalismo de impacto.

É isso! Como falei na última edição, saio na semana que vem de viagem pra Edimburgo (completamente fingindo costume) pra expor meu projeto de mestrado na Information+ (e pra sair de férias, fingindo mais costume ainda). Na próxima edição vou compartilhar um pouco mais desse projeto e do frio brutal que vou passar por lá 🥶

Quer trocar alguma ideia? Me manda um email! rodolfoalmd@gmail.com

Rodolfo Novembro de 2023

Publicado em 17/11/2023




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