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Quando criei esse blog a ideia era que ele servisse como:

Acontece que já estamos em Julho, fiz um montão de coisas até agora, e usei esse blog para:

O que rolou foi que a dinâmica caótica do Twitter (RIP) venceu e acabou ditando o ritmo do que compartilho na internet. Com isso, resolvi voltar a dar mais uma atenção por aqui e, dessa vez, de forma mais organizada.

Esse é o primeiro post em um novo formato: todo fim de mês vou escrever um pouco sobre o que vi e fiz de interessante nos últimos 30 dias. Quero compartilhar detalhes de projetos em que trabalhei, vídeos interessantes que a internet me trouxe, tutoriais de como resolver algum problema chato que me tirou o sono, atualizações da minha pesquisa, e vai saber o que mais. Julho durou um ano e meio e aconteceu coisa demais, então esse post é um pouco mais longo do que os próximos devem ser.

Espero que goste!

Crises, fim de curso, perigos do Blender

O clima em comunidades de baixa renda

Um dos projetos mais bacanas em que trabalhei nesse mês saiu umas duas semanas atrás: um infográfico impresso em tamanho A1 sobre como os impactos da crise climática já são sentidos por moradores de comunidades de baixa renda, feito para a ONG Rede Interação, que trabalha com questões de moradia.

Não vivo essa realidade e não posso falar em primeira mão, mas fiquei responsável pela pesquisa, redação de conteúdo e planejamento do infográfico, que foi brilhantemente ilustrado pela minha parceira de vida Méuri Elle. O conteúdo foi validado junto a comunidades de baixa renda em grupos de discussão, assim como no projeto anterior que realizei para a Interação.

A versão digital do infográfico pode ser vista aqui.

Visualização pode servir pra fazer arte

No mundinho do dataviz se fala muito em visualização para tomada de decisão, para exploração de dados, etc. Mas, existem usos alternativos bem interessantes que merecem mais atenção.

Escrevi um textinho para o blog do LabVis sobre um deles. É sobre como a cineasta franco-peruana Rose Lowder usa de visualizações de dados pra guiar seu processo de produção artística. As imagens do trabalho dela falam por si só: cadernos pautados lindíssimos em que ela planeja seus filmes frame a frame, é bem incrível.

Genocídio indígena, Belém maquiada e a Nova Economia da Amazônia

O time incrível de Sumaúma Jornalismo publicou algumas pautas super importantes nesse mês, com as quais pude colaborar. Primeiro, tiveram acesso a um processo que acusa o governo brasileiro de ter cometido um genocídio com armas químicas contra os indígenas Waimiri Atroari entre 1974 e 1975, durante a ditadura militar. Uma história pesada que contamos por meio de um mapa que desenhei a partir de um rascunho feito à mão pelos sobreviventes dos ataques.

Em seguida, mapas e gráficos detalhando os esforços do governo do Pará e da prefeitura para “maquiar” Belém até o início da COP-30, que será sediada na cidade. Fizemos uma “ficha” dos dados demográficos e urbanísticos de Belém.

Por fim, um bocado de gráficos resumindo os resultados do estudo liderado por Carlos Nobre que propôe o modelo da “Nova Economia da Amazônia”, uma mudança de perspectiva em relação à economia da floresta que pode nos ajudar a compreender que floresta em pé é riqueza e bioeconomia.

Modelar seu clone no Blender é perigoso

Esse é um dos melhores vídeos que vi nos últimos tempos. O elliot is a cool guy é um youtuber, designer e comediante australiano que eu sigo já faz tempo e que faz o conteúdo sobre design mais divertido da plataforma. Acho incrível quando dá pra acompanhar em primeira mão alguém fazendo projetos cada vez mais ambiciosos que nem esse vídeo: o roteiro é fantástico, cheio de idas e vindas, o color grading das imagens é 👨‍🍳😘👌💋.

CRISES na Abraji

Esse mês tive a honra de dividir um painel no Domingo de Dados do Congresso da Abraji, com o tema “Visualizações de dados revelam problemas sociais”. Comigo estavam Diana Yukari, da Folha de São Paulo, Bianca Muniz e Bruno Fonseca, ambos da Agência Pública.

Preparar essa apresentação foi bacana porque me levou a me questionar ‘o que realmente é uma crise no jornalismo?’ e revisitar meus últimos projetos por esse ângulo. À luz da ideia de problema capcioso, muito popular no design, refleti o quanto muitos dos problemas de que tratamos no jornalismo são simplesmente crises sem fim: estados de alerta, angústia e atenção que são prolongados indefinidamente, e que talvez seja interessante pensarmos também neles como capciosos. A apresentação do Mapa dos Conflitos, feito pela Bianca e pelo Bruno, na Pública, deu muitas ideias nesse sentido.

Recortei o trecho da minha apresentação da transmissão da Abraji, dá pra assistir abaixo – não tenho certeza se podia fazer isso, mas parece um desperdício que tanta coisa que foi filmada seja descartada:

Semana de TCC

Participei nesse mês de duas bancas de avaliação de trabalhos de conclusão de curso, uma na ECA-USP, da Gabriella Salles (com o projeto “A Cor do Pecado”) e outra na FAU-USP, da Roberta Berardo (do projeto “Rastros Urbanos Digitais”), ambas orientadas pelo professor Leandro Velloso. É muito bacana poder ver os trabalhos incríveis e criativos que alunos de graduação estão fazendo, especialmente com visualização de dados, e é super gratificante poder contribuir com eles e ajudar alguém nesse período caótico de fim de graduação.

Fim de curso

Terminamos nesse mês no Platô Studio a turma piloto do curso “Introdução a gráficos interativos: conceitos, código e prática”, produzido e ministrado por mim e pelo Ariel Tonglet, desenvolvedor parceiro de longa data. Foi um trablhão montar esse curso: fizemos um questionário unificado e entrevistamos colegas da área pra entender o que eles sentiam falta em cursos de visualização.

No fim tentamos mesclar conhecimento teórico com prática de programação em JavaScript usando o Observable. A ideia é menos capacitar alguém pra sair já programando, e mais dar aos alunos um vocabulário e referencial pra entender como interativos funcionam.

Não sei se vamos fazer uma turma futura tão cedo, foi bastante trabalhoso, mas se tiver interesse, deixa seu nome na lista de espera do Platô aqui.

Dataviz em perspectiva

Não foi exatamente nesse mês, mas parece que foi: saiu o livro “Dataviz em perspectiva: Ensino e prática profissional da visualização de dados no design brasileiro”, organizado pela Júlia Gianella e pelo Rodrigo Medeiros.

É uma coletânea de textos que apresentam um panorama do dataviz tanto na academia, quanto no mercado, no ensino, e muito mais. O projeto está lindo e fico muito feliz de ter contribuído com um texto que traz algumas reflexões sobre a relação entre leitor e designer no jornalismo visual – e como o meio de leitura afeta o design de um infográfico, por exemplo.

Dá pra encomendar o livro pelo site da editora Rio Books.

Monitoramento automático do Legislativo

O Núcleo Jornalismo lançou esse mês o LegislaTech, uma ferramenta para monitorar qualquer termo da sua escolha no Diário Oficial da União, nos trâmites legislativos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (e de mais fontes que ainda estão por vir).

Estou trabalhando na identidade visual do projeto, que já foi lançado com algumas peças gráficas. Era meio inescapável, tratando-se de Poder, não remeter à imagética de Brasília, principalmente os azulejos do Athos Bulcão. Estamos trabalhando com uma paleta de cores bem reduzida e com glifos que representam aspectos da política institucional, que podem ser combinados pra gerar padrões visuais interessantes.

O LegislaTech está disponível para assinantes do Núcleo (assine!)

O Nó faz 10 anos

Última coisa que rolou esse mês é que estou gravando um disco com a minha banda: O Nó! Nos próximos meses dou mais notícia disso, mas queremos aproveitar a data de 10 anos de banda pra fazer bastante coisa legal.

Quer trocar alguma ideia? Me manda um email!

Rodolfo
Julho de 2023

Publicado em 1/8/2023